Israel, fundado em meados do
século XX, é um dos Estados mais jovens, mas ao mesmo tempo é como se
tivéssemos assistido ao fim de um longo interregno desde a Antiguidade, e que
toda a riqueza da história e da cultura hebraica voltassem a ter uma pátria
própria.

A fundação deste pequeno Estado,
contra todos os países árabes envolventes, sobretudo o Egipto, imensamente
maiores, e contra a Inglaterra, com o seu Mandato colonial, que chegou a reter
em campos de concentração milhares de judeus sobreviventes do Holocausto e que
queriam emigrar para Israel, teve as suas origens, não só em termos de escolha
histórica mas de resposta a séculos de perseguições e genocídio do povo judeu,
em toda a Europa, ressalvando-se países como a Holanda, que realmente se
destaca em termos de inteligência política e social neste campo, a Bulgária, a
leste, onde o monarca se recusou a obedecer às ordens de Hitler de deportação
daquele povo, e um ou outro país com um anti -semitismo mais mitigado.
Um historiador disse que a
história deste povo na Europa, desde a idade média, se passou em 3 fases
sucessivas: tens de te converter, tens que te ir embora, não podes existir.
Antes
da invasão e da ocupação da Polónia pelos nazis, muita da população polaca com
a conivência das autoridades quando não por iniciativa destas próprias, moviam
perseguições aos judeus, a maioria residente em aldeias, com destruição ou
ocupação de casas e apropriação de bens, e onde não faltavam sevícias, com
frequência mortais, àquele povo, de forma cruel e de má-fé.
Durante a 2.ª Guerra, quando os Judeus de toda a Europa eram
levados de comboio, em vagões de gado em condições dantescas inimagináveis,
para os campos de concentração, muitos polacos, segundo um sobrevivente, cerca
de 90%, ao longo da via-férrea, respondiam com ditos jocosos e gargalhadas,
bem- humorados por finalmente alguém os livrar dos judeus, aos seus gritos
lancinantes.
No
fim da 2.ª Grande Guerra, numa localidade polaca, uma criança de cerca de 8
anos, teria dito aos pais, seguindo uma tradição de denúncias e queixas que já vinha da época
medieval, que um grupo de Judeus, o teriam raptado. Tratava-se de um grupo de
recém-libertados de um campo de concentração e que se encontravam refugiados
numa casa comum, porque as suas próprias casas já tinham sido entretanto
ocupadas e por quem não as iria devolver aos legítimos donos.
Como
resultado da queixa foram chacinados pela população local, com o beneplácito da
polícia e do exército.
Na
Ucrânia, no fim da 1.ª Guerra Mundial, foram mortos 100.000 judeus e na
Lituânia, após a ocupação pelos nazis, estes só tiveram que assistir, sem
gastar munições ou recursos humanos, à matança dos judeus (80%) pela população
local estando em voga o espancamento, até à morte, com barras de ferro.
Em
todos os países a leste da Alemanha, com grandes comunidades judaicas, sendo de
longe as maiores as da Polónia e da Rússia, o panorama antes da invasão nazi (e
mesmo depois) pautava-se, no geral por um anti-semitismo generalizado e ciclíco, quer se tratassem de judeus
pobres, a maioria, quer se tratassem de burgueses, quer fossem ortodoxos, quer
fossem laicos e assimilados, e até se pode testemunhar, de forma abertamente
anti cosmopolita e xenófoba, a existência de um anti-semitismo sem semitas.
Desde os violentos, maciços e
destrutivos progroms russos, aos campos de concentração do III Reich e seus
satélites, o destino da maioria dos judeus seria o seu extermínio.
Mesmo no último ano da guerra,
quando esta já estava definitivamente perdida para as potências do eixo, na
Hungria, gerou-se uma sanha de perseguição aos judeus sobreviventes, para
abater o maior número possível, antes que Exército Vermelho entrasse no país.
Entretanto continuam a haver
mitos, acusações fantasiosas, lendas maldosas e mentiras, factos estratégica e convenientemente
desconhecidos ou deturpados, ou documentos e histórias forjadas, como o dos
fantasmagóricos Protocolos dos Sábios de Sião, que vão sendo achas na grande
fogueira de um permanente anti -semitismo, mas aos quais se deverão contrapor
análises objectivas, racionais, realistas e de boa-fé.
Um bom exemplo dos argumentos
fantasiosos e delirantes anti-semitas é que como dos Judeus nada poderia vir de
criativo, os profetas bíblicos, o Rei David e o próprio Jesus Cristo longe de
serem judeus só poderiam ser da raça germânica. Ideias como esta de um inglês,
Houston Stewart Chamberlain, genro de
Richard Wagner e que viria a ser amigo e, salvo erro, mentor de Hitler, foram
aclamadas na Alemanha.
Mas, há outos factores na génese
do anti-semitismo como, e chamemos às coisas pelos nomes, a inveja, a cobiça, a
ganância de quem via com bons olhos, na deportação em massa do Judeus, uma
maneira de ficar com as suas casas e muitos dos seus haveres. Houve povoados ou
bairros inteiros que mudaram, desta forma, de donos. E nunca mais foram
devolvidos aos seus legítimos proprietários, mesmo quando os poucos
sobreviventes dos campos queriam regressar às suas terras e aos seus bens.
Era-lhes fechada a porta na cara com toda a violência, pelos ursupadores.
Ora desde há mais de 100 anos que
começou a haver um retorno dos judeus aos territórios que constituíam a sua
antiga nação. Assim começaram a instaurar-se, com a chegada dos primeiros
colonos e depois com a implantação dos kibutzim, comunidades já mais evoluídas,
os alicerces do que viria a ser a pátria renascida dos povos de Judá e de
Israel e onde passaram a procurar refúgio, e uma nova vida, muitos, senão a
maioria, dos hebreus sobreviventes à barbárie europeia.
A importância da Civilização
Judaica no Mundo é imensa.
A crença religiosa, a filosofia
de vida e as regras sociais preconizadas, de um pequeno povo nómada,
essencialmente de pastores, numa região em que o deserto domina, viriam a mudar
por completo a poderosa sociedade romana que os tinha conquistado e posto fim à
sua nação, e a moldar, nos séculos vindouros, toda a sociedade europeia. E,
mais tarde, o Império Árabe, saído do Islamismo com origem, por seu turno, no
Antigo Testamento fruto da nação Judaica, viria a tornar-se, juntamente com a
civilização greco-romana, num dos pilares da nossa sociedade.
Na
viagem à pátria terrena de Jesus Cristo, o Judeu mais famoso, mais que Einstein
ou Steven Spielberg, outros judeus famosos, compreendemos melhor a história
antiga e actual deste povo, que tem de conviver com a ultra ortodoxia suicidária de
muitos dos seus e a jihad islâmica, sendo sobretudo esta, obviamente, a
principal ameaça.
Mas
voltando à nossa visita a Israel.
O
nome Palestina é de origem latina, não árabe nem judaica, é criação de Roma
para acabar com o estado de Judá (Judeia), após a revolta dos judeus contra a
ocupação romana, e para os castigar e expropriar.
Nos nossos dias, na fortaleza
mandada construir por Herodes, em Massada, junto ao Mar Morto, podemos observar
os vestígios de uma nação inicialmente tolerada pelos ocupantes romanos, mas
que, ao primeiro sinal de revolta dos judeus, acabaria por ser aniquilada.
Podemos ainda encontrar na
importante e central história deste povo, Jericó como o primeiro castelo do
mundo que no essencial nada difere dos castelos construídos posteriormente, e o
complexo urbano de Jerusalém com o grandioso templo também mandado erigir pelo
rei Herodes, que no seu reinado conseguiu viver em paz com os romanos.
Após
muitos séculos, só se voltaria a falar na Palestina, já no século XX e muito convenientemente,
por aqueles que se opunham ao retorno dos judeus àquele território.
Os
habitantes da região chamada Palestina eram párias, estagnados desde há séculos
no obscurantismo, na ignorância e nos meios mais rudimentares de sobrevivência,
perseguidos pelos países vizinhos que não os aceitavam (na Síria foram mortos
aos milhares), até que começaram a chegar as primeiras vagas de judeus, tendo
finalmente sido constituído o estado de Israel, em 1948. A partir deste período
todos se começaram a preocupar com os ditos palestinos.
Para ilustrar esta má- fé dos países árabes vizinhos Israel
teria em determinada altura oferecido a faixa de Gaza ao Egipto, mas tal era a
miséria, e, provavelmente, com a promessa de um acréscimo tão grande de
problemas, que os egípcios teriam recusado.

Se o
Egipto não tomou conta das populações de Gaza, em termos de desenvolvimento
económico e social, enviou-lhes Yasser Arafat, que era egípcio aliás, como
egípcios eram os pilotos suicidas do 11 de Setembro, para as sublevar contra os
que realmente lhes estavam a criar e a dar infra-estruturas na saúde, no ensino
e na economia.
Aliás
o ressentimento árabe em relação aos judeus já vem de uma época anterior à
criação do Estado de Israel, desde que, em finais do século XIX, os primeiros
colonos começaram a aproveitar os terrenos comprados na Palestina, com uma
eficiência e produtividade, em termos agrícolas, estranhas às populações árabes
vizinhas.
Israel
constitui cerca de 0,03% de todo o território do próximo oriente, sendo a maior
parte deserto. Contudo os trabalhadores árabes, locais e de outros países,
fazem bicha para ir trabalhar em Israel, nos diferentes sectores da indústria,
turismo, serviços e comércio, que os israelitas criaram. Não vão para a Síria, para
o Egipto, nem para a Jordânia ou para a Turquia, países com um território
imensamente superior. Mesmo sujeitos a viver em urbanizações, separados por
muros e arame farpado da tentação terrorista-suicidária.
Trata-se, para o turista, de um
país seguro civilizado, organizado e acolhedor, onde para além da Cultura e
História oferece uma gastronomia verdadeiramente mediterrânica e muito variada,
e que nos deixa uma marca indelével de simpatia por aquele povo que persiste em
afirmar a cultura da democracia, do trabalho e do progresso contra todo obscurantismo,
europeu e, mais recentemente, árabe, que sempre o perseguiu.
Bibliografia
Martin Gilbert,
Israel, 1998, edições 70 Abril de 2009.
Trond Berg Eriksen, Hakon Haket, Einhart Lorenz, História do
Anti-Semitismo, 2009, Edições 70 2010
Mucznic, Esther, Portugueses no Holocausto, Esfera dos
Livros, 2012.
Wilson A.N., A Filha de Hitler, Bertrand Editora, 2008.
Filmografia
Lanzmann, Claude, Shoa 1985 Divisa 2011
Sem comentários:
Enviar um comentário