domingo, 17 de junho de 2012

A Cozinha Regional de Lamego, onde pára ela.




Há meses vi noticiada, no Jornal do Douro, a criação de uma nova confraria, a Confraria Gastronómica de Lamego. 

Para uma cidade que está longe de ser uma referência no que respeita à oferta, que aliás nem se avista, de pratos originais e tradicionais locais, podemos pensar, com aquela notícia, num acontecimento bem-vindo, que poderá vir a ser um catalizador para o renascimento gastronómico Lamecense. 

Desde que esta confraria seja mais do que um pretexto para feiras e patuscadas cerimoniais.

A Europa meridional e do sul, por influência das civilizações romana, e árabe, é de longe a região, muito à custa da Itália e da França, do mundo ocidental, com maior variedade, riqueza e imaginação, no que respeita à arte da culinária. 

E o concelho de Lamego também deu o seu contributo, ao longo dos séculos, para além das bolas típicas de bacalhau, de carne e de presunto, mas é preciso saber onde as comprar, e dos fumeiros e enchidos menos típicos. 

É verdade, por muito que não pareça, aqui também há pratos regionais.

Assim nós podemos encontrar nos livros de pesquisa gastronómica, não nos restaurantes, uns caldos de perdiz, de nabiças e de papas, uma açorda do Natal, cevadinha, arroz de couve, arroz de polvo, um bacalhau assado nas brasas, um bacalhau assado no forno e um bacalhau com molho de vilão, polvo frito, alheiras com batatas e grelos, cabrito assado no forno, carne em vinha de alhos, coelho assado no tacho, coelho com ervilhas, milhos com entrecosto, rojões (à moda de Lalim), um coelho à moda de Lamego, umas trutas de escabeche, um bolo de amêndoa e um outro de noz, quadrados de amêndoa, aletria (de Lamego), farinha de pau doce, pudim de laranja, grades, bolos amarelos, bolos-podres, pastéis de Lamego, mulatos, filhós (à moda de Lamego), fritos de leite.

E obviamente os vinhos do Douro, nesta cidade que foi o berço do Vinho do Porto, conhecido originalmente como Vinho Cheirante de Lamego. Não esquecendo os belíssimos brancos da zona do Távora-Varosa.

Sendo o Douro a região agrícola mais lucrativa do país e do noroeste da península, e que, desde há anos, tem ainda criado condições de transporte fluvial e de alojamento para usufruto de um número crescente de turistas, e sendo Lamego ponto de passagem obrigatório nas rotas do vinho, a visita só pode ficar social e culturalmente incompleta quando nas ementas dos restaurantes não se vislumbra qualquer convite à descoberta dos sabores seculares da cozinha lamecense.





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