Há tempos, um amigo que estava hospedado num hotel, deu-me notícia de que esse hotel era tão bom que até serviam um pequeno -almoço continental.

Muitos hóteis anunciam um pequeno -almoço continental, com pompa, mas sem ponta de rigor, pois oferecem-nos, isso sim, um pequeno- almoço insular, à inglesa, um, na verdade, “british breakfast”, que pode incluir bacon frito, rins, feijão com tomate, pepino, ovos mexidos, presunto, salsichas, cogumelos…
Já na Inglaterra, quando se fala em pequeno almoço continental, pensa-se numa refeição com os nossos habituais e continentais café com leite e pão com manteiga, além dos brioches, (que evocam a rainha Marie Antoinette, numa anedota tristemente célebre) e dos croissants.
Neste último caso o termo estará óbviamente correcto pois define bem as diferenças, no que respeita à primeira refeição do dia, entre duas culturas gastronómicas, separadas pelo Canal da Mancha. De um lado a ilha britânica, com os seus bacon e feijão, do outro o continente, com os seus cafe au lait e croissants com manteiga.

Enquanto, por cá, muitos profissionais da área da restauração designam por continental o que é tradição insular e very british.
Será que esses responsáveis hoteleiros sabem o significado do termo, será que nem pensam na etimologia, ou será porque soa bem?
O certo é que interiorizam, no seu léxico, uma incorrecção, induzem as pessoas em erro e levam-nas a usar, contentes da vida, uma terminologia caricata.
Mas, pelo menos, há algo que lhes será impossivel de conseguir, por mais que troquem o real e correcto significado das palavras: o de transformarem a Grã -Bretanha num continente.
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