quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Pequeno almoço continental ou insular?




Há tempos, um amigo que estava hospedado num hotel, deu-me notícia de que esse hotel era tão bom que até serviam um pequeno -almoço continental. 

Logicamente seria de pensar na gastronomia de países como Portugal, Espanha, França, Itália, Áustria, mas já todos sabemos, conscientes ou não do equívoco, que aquela denominação se aplica aos hábitos alimentares, bem característicos, de uma ilha famosa.

Muitos hóteis anunciam um pequeno -almoço continental, com pompa, mas sem ponta de rigor, pois oferecem-nos, isso sim, um pequeno- almoço insular, à inglesa, um, na verdade, “british breakfast”, que pode incluir bacon frito, rins, feijão com tomate, pepino, ovos mexidos, presunto, salsichas, cogumelos…

Já na Inglaterra, quando se fala em pequeno almoço continental, pensa-se numa refeição com os nossos habituais e continentais café com leite e pão com manteiga, além dos brioches, (que evocam a rainha Marie Antoinette, numa anedota tristemente célebre) e dos croissants.

Neste último caso o termo estará óbviamente correcto pois define bem as diferenças, no que respeita à primeira refeição do dia, entre duas culturas gastronómicas, separadas pelo Canal da Mancha. De um lado a ilha britânica, com os seus bacon e feijão, do outro o continente, com os seus cafe au lait e croissants com manteiga. 

Na Europa Ocidental e continental, grosso modo, o pequeno  almoço padrão, generalizou-se, a partir da países como a Áustria, a França e a Itália, e é justamente a ele a que os ingleses chamam, de forma adequada, de continental.

Enquanto, por cá, muitos profissionais da área da restauração designam por continental o que é tradição insular e very british.
Será que esses responsáveis hoteleiros sabem o significado do termo, será que nem pensam na etimologia, ou será porque soa bem?


O certo é que interiorizam, no seu léxico, uma incorrecção, induzem as pessoas em erro e levam-nas a usar, contentes da vida, uma terminologia caricata.


Mas, pelo menos, há algo que lhes será impossivel de conseguir, por mais que troquem o real e correcto significado das palavras: o de transformarem a Grã -Bretanha num continente.


Sem comentários:

Enviar um comentário